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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"Brincadeiras"

Há muitos muitos anos atrás, passava tempos em casa dos meus avós com o meu irmão, aqui num dos paraísos verdes do nosso país.
Não havia grande coisa para fazer... o calor era muito depois do almoço e sair de casa estava fora de questão. Lembro-me da voz da avó a aconselhar-nos uma sesta (a minha avó não mandava, aconselhava, o que me faz recordá-la com doçura). Mas como crianças irrequietas que éramos, dormir era a última coisa que nos apetecia fazer. Para quê dormir se tínhamos moscas dentro da cozinha a rondar e podíamos fazer campeonatos de quem esmagava mais com o mata-moscas? O avô é que não ficava nada contente porque o dito instrumento batia na mesa (ou onde a mosca estivesse) e fazia muito barulho, atrapalhando o seu tão merecido descanso.
Conclusão, vamos jogar cartas! Mas caladinhos... senão estamos fritos! 


Uns anos depois, as crianças cresceram e os rapazes não podiam mais dormir no mesmo quarto que as meninas. Então, a casa ficou maior, com mais um andar e mais quartos.
Quando os primos também lá estavam a passar dias connosco, mantinha-se a incógnita do que iríamos fazer depois do almoço. Massacrar moscas? Sim, principalmente os rapazes tinham ideias maquiavélicas para se livrarem de toda e qualquer mosca que estivesse dentro da cozinha (a zona da casa mais frequentada e mais próxima da porta de saída). Não havia escapatória possível, aquela divisão da casa era uma arena com leões esfomeados e povo em delírio!

Bem, desta vez, como a casa estava diferente, o quarto dos avós já ficava mais distanciado da cozinha, o que nos permitia "brincar" ali... mas havia sempre alguém responsável por ser o espia... não fosse acordarmos alguém e depois levávamos nós com os leões!

Mas massacrar moscas cansa um bocado e quando o espectáculo acabava, toca a relaxar com um jogo de cartas.
Desde esse tempo que não me lembrava de jogar cartas, até à noite passada.

Desafiaram-me para uma "suecada". Devo confessar que a início quase dizia que não. Não sei jogar, não gosto... desculpas. Decidi dizer apenas: "eu entro mas aviso já que não costumo jogar e não percebo muito. Quem ficar como meu par, não se admire se perdermos."
Mas jogámos na desportiva e até os adversários me foram ajudando a perceber o que fazia bem e menos bem.
Acabei por ganhar 9-4. Tive sorte de principiante (segundo os meus adversários) hehehe.

Foi bastante divertido e fez-me lembrar tempos idos com pessoas diferentes mas num ambiente muito semelhante.

Já as sestas depois do almoço... quem me dera poder fazê-las agora todos os dias.
Há dias em que até tenho uma horinha para dormir e faz muita diferença, ganha-se energia! Por isso é que a avó e o avô estiveram aqui tanto tempo para nos ver crescer :)




ps: este post é dedicado à avó E., ao avô R., à Carla e Miguel, Hugo e Ana e João

sábado, 17 de setembro de 2011

E o tempo passa...

Ontem, pela primeira vez, senti a ondulação do barco com mais intensidade.
O meu estômago (de passarinho) ressentiu-se e acho que vou ter de arranjar uns comprimiditos anti-enjôo.
O calor também não ajuda nada, em todo o lado neste barco há ar condicionado que mais parece que deita ar quente! Só o spa e o meu quarto se safam mesmo... e ainda bem senão acho que já tinham de ter carregado comigo em braços para algum hospital.

Já fez duas semanas que estou aqui a trabalhar e tenho recebido elogios acerca do meu trabalho, o que me deixa sempre muito contente e hoje até fui convidada a ir até Alberta, no Canadá. Conheci o mais amoroso casal de idosos. Depois de terem ficado viúvos há mais de 20 anos, casaram-se. Mas conheceram-se no liceu e chegaram a gostar muito um do outro nesse tempo, mas as circunstâncias da vida levou-os a separarem-se. Segundo a Miss Jean, hoje são extremamente felizes e vê-se na cara um do outro o amor que os une... nem parecem ter 84 e 85 anos! Ai o amor...!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

(quase) sem palavras

A bordo de qualquer barco ou navio há sempre muito trabalho, como é o caso onde estou agora e as pausas são sempre bem-vindas.
Nas minhas pausas vou ao exterior, ao open deck. Quero apanhar ar, vento. O calor que se tem feito sentir quase não deixa respirar mas a paisagem deixa-me completamente sem palavras e às vezes com falta de ar também. 
Mesmo que esteja a ser um dia trabalhoso, só uma saída lá fora ao open deck ou uma espreitadela pela janela do quarto ou do spa me faz esquecer das coisas menos boas que esta vida de marinheira tem.



Mesmo conhecendo isto desde que nasci, não me canso de olhar e fico (quase) sem palavras.
Confesso que me sinto uma privilegiada em poder estar aqui a ver estes cenários agora verdes e daqui a umas semanas pintalgados de cores de Outono. Aí é que vai ser lindo! Como dizia o outro (mas em versão feminina), estou maravilhada!!!!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Marinheira de água doce

E se a vida fosse encarada como um grandioso acontecimento composto por pequenas e grandes aventuras?
Seguindo esta linha, posso dizer que segui ontem para mais uma aventura, um novo começo num trabalho diferente. É por pouco tempo mas vai ser bom de certeza.
Depois de experimentar ter estado num grande navio, sou admitida num barco um pouco mais pequeno. Bem, um pouco é mesmo modesto. MUITO mais pequeno, ou não se tratasse de um Barco-Hotel que faz cruzeiros fluviais e que tem limitações para poder passar nas barragens do nosso querido Rio Douro.

Mas desta vez ando perto de casa, ou melhor, da casa daqui e da casa do meu paraíso.  

 

Fiz a viagem de comboio para apanhar o barco a meio do percurso.
Pensei: assim posso ambientar-me e daqui a dois dias acolher os novos passageiros já mais integrada. Enganei-me... comecei já a trabalhar hoje a sério com alguns tratamentos seguidos e correu muito bem!

Resta-me apenas dizer
Wish me luck! ou Fingers crossed! :) (sim, os meus clientes vão ser americanos e ingleses, por isso é melhor não perder o hábito de meter a "inglesada" no meio do português)

ps: eu sabia que o nome deste blog não era em vão... se bem que o rio não tem corais... mas imagina-se, tb não faz mal nenhum! :)))
ps1: a Emília enfiou-se à sucapa na mala... raça da fada que não perde oportunidades!